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Legenda: Vídeos mostram o momento da confusão. Foto: Reprodução

Em Forquilha, o Carnaval deu uma prévia de como deve ser a disputa política na cidade até as eleições de outubro. O andamento de blocos carnavalescos causou um desentendimento frontal entre o atual prefeito Edinardo Filho (PSB) e o ex-prefeito Gerlásio Loiola (PT), na segunda-feira (12), nas ruas do município.

A tensão teve origem na semana passada, quando representantes dos blocos foram convocados pela Prefeitura para o repasse de normas da programação que se aproximava. Um termo prevendo vedações e horários de atividades foi assinado por cada um deles e enviado ao Ministério Público do Ceará (MPCE).

As restrições tratavam sobre o funcionamento de blocos após as 18h (quando começaria a programação de shows promovidos pela Prefeitura); o deslocamento pelas ruas da cidade (à exceção do Bloco da Vera, o mais tradicional da cidade); e o uso de paredões no Balneário Público entre as 10h e 18h e na Praça do Meio entre as 18h e 00h.

Essas foram algumas medidas acertadas com a Polícia Militar (PM) para evitar problemas de logística e segurança, diz o prefeito Edinardo. Segundo ele, contudo, algumas regras foram quebradas já no domingo (11).

Naquele dia, o Bloco do Play, representado por Gerlásio, teria seguido em “arrastão” – termo usado para se referir ao deslocamento do carro carnavalesco –, contrariando o acordo firmado.

 

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Legenda: Termo em questão, este assinado pela responsável pelo tradicional Bloco da Vera. Foto: Reprodução

 

O grupo chegou a encontrar o Bloco do Arrocha, composto pelo prefeito Edinardo, no percurso, mas não houve intercorrências. No dia seguinte, o mesmo aconteceu, já que os foliões representados pelo gestor também se deslocaram. Mas o resultado foi diferente desta vez.

A partir daí, as versões divergem bastante nas redes sociais. Enquanto Edinardo afirma que o seu bloco abriu espaço para o outro passar, mas mesmo assim ele e a primeira-dama Jamilly Rodrigues foram agredidos, Gerlásio diz o contrário. Este indica que Rodrigues teria agredido um vereador e defende que foi “oprimido por aqueles que acham que são donos de Forquilha”.

“Podem ficar tranquilos que jamais iremos desistir de Forquilha, e não adianta nos oprimir e agredir porque fomos agredidos. Você pode ‘nevar’, mas jamais vai conquistar o coração dos forquilhenses”, completou o ex-prefeito.

O termo ‘nevar’ se refere ao ato de descolorir o cabelo – normalmente em datas comemorativas –, deixando-o em um tom de loiro bem claro e frio, semelhante à neve. Mesmo sem citar nomes, a postagem foi entendida como uma provocação ao opositor que, seguindo tendência do prefeito de Recife, João Campos (PSB), resolveu clarear os fios para as celebrações.

“Hoje me deparo com pessoas querendo se apropriar do bloco para fazer uso político-partidário. Em troca de quê?”, rebateu Edinardo Filho.

Ambos acreditam que o conflito carnavalesco foi motivado por questões políticas. Apesar dos ânimos alterados, ninguém se feriu gravemente, de acordo com os relatos.

Ao Diário do Nordeste, o gestor afirma que não levará o caso adiante e não registrará Boletim de Ocorrência (B.O.). Já Gerlásio diz que pretende registrar o episódio na Polícia nesta quinta-feira (15). Além disso, garante que, da parte do seu bloco, tudo foi cumprido “conforme o termo”.

CARNAVAL EM DISPUTA

Por ser uma festa popular e de forte adesão na sociedade, o Carnaval é uma ferramenta utilizada por atores políticos para se aproximar do eleitorado. Não à toa, o MPCE emitiu recomendações a gestores públicos no sentido de evitar campanha eleitoral antecipada – para si ou para terceiros – durante os festejos.

A prática poderia ser caracterizada como abuso de poder e resultar em cassação e inelegibilidade da pessoa beneficiada pelos atos. Por isso, o órgão recomendou que não sejam distribuídos itens que contenham pedido explícito ou implícito de votos, números ou símbolos de pré-candidatos ou de partido político, entre outros atos.

No caso de Forquilha, os dois protagonistas do engodo carnavalesco devem disputar a Prefeitura nas urnas em outubro deste ano. Edinardo se filiou recentemente ao PSB sob as bênçãos do senador Cid Gomes. Já Gerlásio quer conquistar o terceiro mandato na cidade pelo PT.

 

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