O policial militar Khlisto Sanderson Ibiapino de Albuquerque, de 34 anos, preso em julho deste ano por se passar por médico em um hospital do interior do Ceará, foi detido novamente nesta quinta-feira (15), após cometer o mesmo crime no interior do Rio Grande do Norte.

A captura de Klisto ocorreu durante a “Operação Curandeiros”, realizada pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), para combater o exercício ilegal da medicina em cidades do interior do Estado. O órgão apura o envolvimento de secretários municipais de Saúde nos crimes.

Foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão nas cidades de Upanema, Paraú, Campo Grande, Mossoró, Parnamirim e Triunfo Potiguar.

 

PM e outro falso profissional agiam com ajuda de médico

Policial militar do Ceará Khlisto Sanderson Ibiapino de Albuquerque e o homem formado em medicina no Paraguai, sem CRM, usavam carimbos e materiais do médico contratado do hospital. — Foto: MPRN/ Divulgação
Policial militar do Ceará Khlisto Sanderson Ibiapino de Albuquerque e o homem formado em medicina no Paraguai, sem CRM, usavam carimbos e materiais do médico contratado do hospital. — Foto: MPRN/ Divulgação

Conforme o MPRN, a investigação foi iniciada após uma denúncia de exercício irregular da medicina no Centro de Saúde Tibúrcio da Silveira Freire, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde de Ipanguaçu.

Pelo que foi apurado pelo MPRN, Klisto e outro homem formado em Medicina pela Universidade Paraguaia Autônoma San Sebastián (UASS), que não possui cadastro no Conselho Regional de Medina, vinham exercendo de forma ilegal a função de médicos na unidade.

Ainda de acordo com a investigação, além do exercício ilegal da medicina, o agente e o comparsa falseavam as informações dos documentos médicos que preenchiam e forneciam aos pacientes, utilizando o carimbo e falsificando a assinatura do médico legalmente contratado pelo município. O profissional de saúde estava integrado com o esquema.

Dois dos investigados foram presos em flagrante. Um estava de posse de uma arma de fogo e munições. O outro portava documento falso. Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidos documentos, celulares e vários receituários médicos em branco já assinados.

O policial, o outro homem e o médico irão usar tornozeleiras eletrônicas, não podendo sair das cidades onde residem e tendo que ficar recolhidos em casa de segunda a sexta, das 17h às 5h, e fins de semanas e feriados integralmente.

Prisão no Ceará

 

Prefeita de Paraipaba, no Ceará, deu voz de prisão a polícia militar que se passou por médico no Hospital Municipal de Paraipaba. — Foto: Reprodução
Prefeita de Paraipaba, no Ceará, deu voz de prisão a polícia militar que se passou por médico no Hospital Municipal de Paraipaba. — Foto: Reprodução

A farsa praticada por Khlisto foi descoberta quando a prefeita de Paraipaba recebeu a denúncia de um médico que estava tendo o número de registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) usado indevidamente pelo policial, que atendia como plantonista no Hospital Municipal de Paraipaba, no interior do Ceará.

Na ocasião, a prefeita da cidade, Ariana Aquino, acompanhada de guardas municipais, deu ordem de prisão ao falso profissional, que saiu da unidade hospitalar algemado pela Polícia Civil. Porém, no dia seguinte, ele foi solto em uma audiência de custódia, com dispensa de fiança.

Em agosto, Khlisto foi afastado preventivamente das funções e teve a arma, identidade funcional e instrumentos policiais retirados pela Controladoria Geral de Disciplina (CGD) do Ceará, que abriu mais duas investigações contra o soldado.

Nos novos processos, a CGD irá apurar a prisão em flagrante do agente em julho deste ano, por exercício ilegal da medicina no Hospital Municipal de Paraibapa, no interior do Estado, e por um crime de estelionato cometido pelo PM em 2009, no Rio Grande do Norte.

Antes disso, o órgão já havia aberto uma investigação para apurar uma denúncia de violência doméstica praticada pelo policial contra um ex-sogra dele, agredida e chamada de “vagabunda”.

Em 2019, Khlisto foi investigado pela morte da estudante de enfermagem Ana Clara Ferreira da Silva, à época com 18 anos, que faleceu após passar mal em um hotel no Rio Grande do Norte, onde estava na companhia do agente.

O laudo da jovem deu que morte foi causada por overdose por cocaína por solução não injetável. Os parentes de Ana Clara até hoje suspeitam que a droga tenha sido colocada na água que o policial deu para a universitária. O caso foi arquivado por falta de provas.

g1

Comentários
  [instagram-feed feed=1]  
Clique para entrar em contato.
 
Ajude-nos a crescer ainda mais curtindo nossa página!
   
Clique na imagem para enviar sua notícia!