Veja os desafios de Elmano de Freitas no combate ao desemprego, violência e fome no Ceará.
Veja os desafios de Elmano de Freitas no combate ao desemprego, violência e fome no Ceará.

Governador eleito no primeiro turno das eleições, Elmano de Freitas (PT) assume o poder executivo do Ceará em 1º de janeiro de 2023 com o papel crucial de combater a violência, o desemprego e a fome no estado.

Ele propõe, no plano de governo, enfrentamento às violências e à criminalidade, nova geração de políticas públicas para criar mais oportunidades de trabalho e o fortalecimento do Sistema Público Estadual de Trabalho, Emprego e Renda.

Um estudo realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Penssan), divulgado em setembro deste ano, mostra que metade da população cearense sofre com a falta de alimentos e passa fome.

Além disso, mesmo com diminuição nos índices de mortes violentas letais e intencionais no Ceará, com redução de 16,9% no mês de setembro, o estado ainda ocupa o quinto lugar no país com maior número de homicídios, segundo o Monitor da Violência.

 

Fome

 

Metade dos cearenses sofre com a falta de alimentos e passam fome — Foto: Reprodução / TV Globo
Metade dos cearenses sofre com a falta de alimentos e passam fome — Foto: Reprodução / TV Globo

O direito à alimentação está previsto na Constituição Federal Brasileira. Entretanto, grande parte da população de todo o país ainda sofre com a fome. Segundo Iara Rafaela Gomes, do departamento de geografia da Universidade Federal do Ceará, o Ceará figurou entre os 10 estados com maior quantidade de domicílios em situação de fome entre 2017 e 2018, com apenas 53,1% dos domicílios cearenses com acesso pleno e regular a alimentos.

“Quando realizamos o cálculo da evolução da quantidade de domicílios em situação de fome entre os anos 2004 e 2018, temos um total de mais de 230 mil domicílios. Outros números ainda nos chamam atenção, como o fato do total de domicílios no Ceará, 46,9%, com algum grau de insegurança alimentar e, em especial, a insegurança alimentar grave (fome) encontrada em 6,2% dos domicílios cearenses”, pontuou Rafaela Gomes.

Ela acredita que o desafio no governo Elmano de Freitas será de repensar, inicialmente, a implementação de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional.

“Ele deve considerar a necessidade de realizar Planos Municipais de Segurança Alimentar e Nutricional, inclusive o da cidade de Fortaleza (2018-2021) é excelente e já prevê uma série de diretrizes bastante pertinentes, como a construção de programas que vislumbram a produção de alimentos de qualidade, gerando emprego e renda com o cultivo em pequenas áreas nas cidades, bem como programas para agricultores familiares, ainda ações junto aos bancos de alimentos, investimento nas cozinhas comunitárias, nos restaurantes populares”, afirma.

 

Desemprego

 

Carteira de trabalho — Foto: Jorge Júnior/Rede Amazônica/Arquivo g1
Carteira de trabalho — Foto: Jorge Júnior/Rede Amazônica/Arquivo g1

De acordo com o professor do Departamento de Economia Agrícola da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenador do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP/CAEN), Vitor Hugo Miro, a maior dificuldade no combate ao desemprego no Ceará está em atrair investimentos que possam dinamizar a economia.

Para ele, o maior desafio do governo Elmano será impulsionar a economia cearense em um cenário macroeconômico adverso.

“Infelizmente, o desempenho do mercado de trabalho, mesmo local, depende muito do cenário macroeconômico. A economia brasileira vem surpreendendo pela força nos últimos meses, principalmente pela forte recuperação do setor de serviços após a retomada de várias atividades quando o cenário de pandemia causado pela Covid-19 arrefeceu”, explicou Vitor Hugo Miro.

Contudo, as expectativas para o próximo ano, quando Elmano assume o governo do Ceará, para Vitor Hugo Miro “não são tão positivas”.

“O próximo presidente da República herdará em 2023 uma economia frágil em termos fiscais. Também existe a expectativa de uma recessão global nos próximos meses. A fragilidade fiscal e um cenário internacional desfavorável sinalizam que a taxa de juros deve permanecer elevada, o que representa um entrave para novos investimentos e a geração de novos postos de trabalho”, contou.

 

Violência

 

Homem segura uma arma no clube de tiro 'Calibre 12' em São Gonçalo, Rio de Janeiro, em imagem de setembro de 2018 — Foto: Daniel Ramalho/AFP/Arquivo
Homem segura uma arma no clube de tiro ‘Calibre 12’ em São Gonçalo, Rio de Janeiro, em imagem de setembro de 2018 — Foto: Daniel Ramalho/AFP/Arquivo

No combate à violência no Ceará, Elmano deverá enfrentar dificuldades e “precisará de estratégias melhores do que seu antecessor para transformar a segurança pública”, acredita o coordenador do Laboratório de Estudos da Violência da UFC, Luiz Fábio S. Paiva.

Para ele, mapeamentos de números de ocorrências não são suficientes e será necessário investir em diagnósticos qualitativos dos problemas geradores de violências e da gestão e governança das instituições de segurança pública.

“É preciso avaliar com cuidado a maneira como a política de seu governo funciona na prática a partir da maneira como ela é executada pelas instituições e operadores de segurança pública no seu dia a dia. Não adianta conceber um tipo de política se as pessoas que são responsáveis por executá-la não estão perfeitamente alinhadas à sua visão de sociedade e bem-comum”, acredita Fábio.

 

Também é fundamental, segundo Fábio, a integração de um sistema de polícia a políticas de proteção, garantia de direitos e assistência social massivas.

“Apenas a repressão não resolveu e muito menos irá resolver os problemas de segurança pública do Ceará. Tampouco, é possível implementar políticas de proteção e assistência social para cem ou duzentos jovens, apenas”, pontuou.

Fábio destaca, ainda, a necessidade de um trabalho conjunto com todas as forças policiais, Ministério Público, Defensoria Pública e Poder Judiciário “para transformação da lógica de encarceramento vigente no Ceará.” “É preciso qualificar e acelerar os procedimentos desde a investigação policial feita pela Polícia Civil até o efetivo trânsito dos processos para responsabilização dos culpados por crime graves”.

 

 

 

g1

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