Quanto tempo dura um amor? Para a professora aposentada Maria das Graças e Murilo Bastos, uma vida inteira. Eles se reencontraram depois de quase 40 anos afastados para, enfim, viver o amor que sempre sentiram um pelo outro. Murilo, contudo, faleceu aos 66 anos. Mas a história dos dois, que ficaram casados por três anos, foi contada por Maria das Graças no livro “Foi possível, sim”.
Graça, como a professora é conhecida, e Murilo se conheceram no Ceará quando ainda eram crianças. Eles ficaram amigos, brincaram juntos e namoraram por oito anos na adolescência. O amor dos dois era proibido por causa do preconceito racial e das diferenças sociais entre as famílias de ambos. O relacionamento chegou ao fim quando Murilo foi embora para o Rio de Janeiro para trabalhar no Teatro Brasileiro.
Após quase 40 anos desde o dia em que se viram pela última vez, Maria das Graças e Murilo se reencontraram pelas redes sociais em 2016. Mas antes disso Graça chegou a casar com outra pessoa, com quem teve duas filhas. Ela também é avó de dois netos.
“Nosso reencontro foi pelas redes sociais. Passamos mais ou menos três meses nos comunicando pela internet apenas como amigos, mas eu não perdia a oportunidade de falar do meu amor por ele”, relata Graça.
Reencontro físico
O tão sonhado reencontro físico aconteceu em março de 2016 quando Graça viu uma foto de Murilo em uma igreja de Fortaleza e pediu para vê-lo. Após o reencontro, eles foram juntos a um show no Teatro Carlos Câmara, viajaram juntos para Uruburetama, no interior do Ceará, e depois Murilo voltou para o Rio de Janeiro.
“Com menos de uma semana, ele me pediu em namoro. Três dias depois, ele me pediu em casamento. Casamos em junho de 2016, no Rio de Janeiro”, lembra a idosa.
‘Uma linda história’
Em 2018, o casal voltou do Rio de Janeiro a Fortaleza para acompanhar o nascimento do primeiro neto de Graça, passando a viver na capital cearense, pois Murilo adoeceu do coração, fez uma cirurgia bem-sucedida, mas, sete meses depois, sofreu um infarto fulminante e morreu. Murilo também era portador do vírus HIV.
“Foi uma linda história de um amor impossível que superou preconceitos, distância e doença. Eu jamais pensei ter para mim uma pessoa tão amada, mas muito diferente de mim. Que viveu em tempo da ditadura, trabalhou no teatro e morou na Cidade Maravilhosa. Mas foi possível sim! Distanciamo-nos e nos reencontramos quase quarenta anos depois”, relembra Graça.
Apesar de o casamento dos dois ter durado apenas três anos por conta da morte de Murilo, Graça se sente grata por ter vivido “um relacionamento feliz”, onde o amor entre os dois era mútuo.
“Nos sentimos extremamente amados um pelo outro. Vimos essa maravilhosa bênção como milagre de Deus. Agradecemos a ele muitas vezes juntos e, apesar de pedir a Deus para que morrêssemos os dois juntinhos, eu fiquei só. Tenho muita dificuldade de viver, de aceitar essa grande perda, mas reconheço que não sou autora da vida. Acredito que o céu é de verdade e nós vamos nos encontrar de novo”, conta.
Nordeste Notícia
Fonte: G1