Em depoimento à Polícia Civil nesta quarta-feira, 29, a jovem de 20 anos baleada durante tentativa de homicídio, em Canindé, confirmou ter se relacionado amorosamente com o seu próprio pai. Aos investigadores, ela disse que os dois passaram a se reconhecer como um casal há cerca de um ano e meio, de forma consensual e por iniciativa de ambos. Depois de um período, decidiram encerrar a relação e voltaram a se tratar como pai e filha.
Ainda no interrogatório, que durou cerca de 3 horas, a garota negou que tenha sido forçada pelo pai a se relacionar com ele. O POVO apurou que durante boa parte da oitiva a testemunha permaneceu calada ou disse não saber responder às perguntas dos responsáveis pelo inquérito. Na ocasião, ela confirmou o encontro a três com seu pai e um “ex-ficante”, de 26 anos. Já no fim do depoimento, surpreendeu os investigadores ao afirmar que “é apaixonada” por seu pai e que o sentimento é recíproco da parte dele.
Alvo da tentativa de homicídio, a suposto mando de sua ex-esposa, que teria descoberto a traição, o homem permanece internado. Conforme apurado, ele encontra-se no setor de enfermaria do Instituto Doutor José Frota (IJF), depois de ter passado alguns dias internado em leito de UTI. Nesta quinta-feira, 29, investigadores da Delegacia Regional de Polícia Civil (DRPC) de Canindé vão à unidade hospitalar da Capital para colher o depoimento do homem. A informação foi confirmada ao O POVO pelo delegado Daniel Aragão, responsável pelas investigações.
Além dos interrogatórios, a Polícia Civil também analisa áudios e imagens de câmeras de segurança que possam ajudar a esclarecer a tentativa de assassinato ou possíveis abusos na relação entre pai e filha.
Morte encomendada
Segundo o inquérito policial do caso, a agente de microcrédito Maria Aparecida Barroso, 36, teria encomendado a morte do marido ao descobrir que ele havia mantido relação sexual a três com a própria filha, de 20 anos, e um jovem de 26 anos, apontado como “ficante” da garota.
O jovem, no entanto, resolveu contar a Maria sobre a traição após alegar ter sido enganado sobre a terceira pessoa que iria participar do ato sexual. Ao mesmo tempo, colocou-se à disposição da mulher para atuar como intermediador do assassinato do seu esposo. A mulher aceitou a proposta e repassou para ele cerca de R$ 3 mil, dinheiro usado para pagar dois executores encarregados de cometer o crime.
O homem foi baleado na porta de casa, junto com a filha, que tentou intervir na situação após ouvir os disparos. Os dois foram socorridos para um hospital da cidade. A garota recebeu alta poucas semanas após o crime.
Segundo apurado pelo O POVO, a suposta mandante e possível intermediador do crime foram descobertos após a prisão dos dois executores, que foram capturados no mesmo dia da tentativa de assassinato e apontaram os demais envolvidos no crime.
Maria e o seu comparsa ficarão presos preventivamente por pelo menos 30 dias, prorrogáveis por igual período. A DRPC espera concluir o inquérito em até dois meses.