No Ceará, número de bilionários cresce, e a pobreza também (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMANo Ceará, número de bilionários cresce, e a pobreza também

O Ceará é o estado do Nordeste com maior número de bilionários. São 17, segundo a lista da Forbes. O patrimônio deles soma R$ 79,3 bilhões. O Ceará tem mais bilionários que a soma dos outros oito estados nordestinos, que chega a 14.

No quesito bilionários, o Ceará é uma potência. Só fica atrás, em quantidade, de São Paulo (128), Santa Catarina (40), Rio de Janeiro (37), Minas Gerais (29) e Rio Grande do Sul (19).

As informações acima foram publicadas ontem no portal O POVO. Cinco dias antes, O POVO trouxe outra notícia: o Ceará tem mais de quatro milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza. Vivem com menos de R$ 450 por mês. O número chegou a 44% em janeiro deste ano. Em 2019, eram 41%.

Trata-se de uma crise social e ética. Não há como uma sociedade assim ser saudável. Não é boa nem para esses bilionários, por mais ilhas que tentem construir e muros que tentem erguer.

Facções e o ensaio de um Estado paralelo

Reportagem do jornalista Lucas Barbosa, aqui no O POVO, mostrou o drama de jovens que temem se vacinar porque vivem em locais considerados territórios de determinada facção e foram agendados para receber a dose em áreas de grupos rivais àqueles de onde eles vivem. Veja: trata-se de jovens sem envolvimento com o crime. Porém, os vetos dos grupos não se restringem aos seus membros. Incluem os moradores das áreas que “controlam”. Às vezes, não há proibições específicas ou verbalizadas. A interdição de ir de uma área a outra já é estabelecida. Você arriscaria? Alguns dos jovens buscam mecanismos para se vacinar em outros locais, em territórios neutros.

Hoje é raro o serviço público, em determinadas áreas, cuja presença das facções criminosas não influencie. É algo no qual o poder público precisa atuar. O POVO já mostrou que crianças são impedidas de frequentar escolas em território de facção rival daquela que controla a área onde a família mora. O acesso a postos de saúde também é proibido. Até mesmo pegar ônibus que passa por bairro onde um grupo rival atua é perigoso. E há casos extremos, em relação à moradia, com centenas de famílias expulsas de casa, realidade mostrada no primeiro episódio da segunda temporada da série Guerra Sem Fim, produção original O POVO Mais.

Porém, as facções também interferem, ou tentam, até na oferta de serviços como telefonia e Internet. No Rio de Janeiro, as milícias passaram a configurar um Estado paralelo. No Ceará, as facções são uma tentativa de fazer isso. Em alguns casos, com assustador sucesso. Nas áreas consideradas sob controle delas, nenhum aspecto da vida passa incólume.

A Polícia tem realizado operações. O secretário da Segurança Pública e Defesa Social, Sandro Caron, tem demonstrado preocupação com o assunto — é o mínimo. Porém, as autoridades demonstram estar alguns passos atrás delas. Diferentemente das facções, o Estado não consegue se fazer presente o tempo todo. Quando as operações se encerram e a Polícia sai, os grupos criminosos passam a ditar suas próprias normas.

 

A abrangência da CPI do Motim

A CPI que investiga as associações de policiais militares e bombeiros no Ceará começou a funcionar de forma ruidosa na Assembleia Legislativa. A base governista deixou claro que usará a força para ir com tudo para cima das entidades. Há preocupação com o envolvimento no motim do ano passado. Todavia, a abrangência pode chegar à paralisação de 2012. Naquela ocasião, o líder do movimento e das entidades era o deputado federal Capitão Wagner (Pros), pré-candidato da oposição a governador.

É bastante complicado que a força política da maioria seja usada para eventualmente perseguir um adversário. Porém, precisa também ser elucidado qual o papel que as associações tiveram nos motins, cujas consequências foram contabilizadas em homicídios. As entidades ajudaram a eleger políticos. Os vínculos que tenham, e a atuação eventualmente indevida, precisam igualmente ser evidenciados.

 

 

 

 

Nordeste Notícia
Fonte: O Povo

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