A Polícia Federal cumpre 12 mandados de busca e apreensão, na manhã desta quarta-feira (25), durante uma operação que apura crime de lavagem de capitais provenientes de tráfico de drogas no Ceará e nos estados de São Paulo e Minas Gerais.
Conforme a PF, os alvos dos mandados judiciais são integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções criminosas do país, que era comandada por Rogério Jeremias de Simone, o “Gegê do Mangue”, e Fabiano Alves de Souza, o “Paca”, mortos em fevereiro de 2018, em Aquiraz, na Grande Fortaleza. Agentes da Polícia Federal visitaram em Fortaleza imóveis localizados nos bairros Cocó, Varjota, Papicu e Mondubim, além no Eusébio e Aquiraz na Grande Fortaleza. No interior, os policiais foram nas cidades de Pacatuba e Mombaça.
Gegê’ e ‘Paca’ foram executados a tiros na localidade de Lagoa Encantada, em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), no dia 15 de fevereiro de 2018. De acordo com a investigação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), da Polícia Civil, o duplo homicídio ocorreu em uma emboscada da própria facção criminosa das vítimas, por insatisfação com a vida de luxo que os dois homens levavam no Ceará.
As ordens judiciais foram expedidas pela Justiça Federal, após representação em inquérito policial. Os policiais vistoriaram casas de luxo ligadas aos envolvidos durante o cumprimento dos mandados. A PF ainda não detalhou o que foi apreendido.
Conforme a Polícia Federal, a partir das mortes de Gegê e Paca, a investigação constatou que os dois chefes fizeram movimentações ilícitas de valores superiores R$ 8 milhões em bens móveis e imóveis. Além disso, uma grande quantidade de dinheiro ilícito foi movimentada nas contas bancárias dos investigados e “laranjas”.
“Objetivo da operação de hoje [quarta-feira] era descapitalizar a facção criminosa atuante no Ceará. Pelo menos parte da organização. Nós verificamos que eles estavam adquirindo bens de grande valor em nome de terceiros como forma de ocultar a própria origem de quem realmente estava utilizando. Apurar o crime de lavagem de capitais”, afirmou o chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Superintendência Regional da Polícia Federal no Ceará, Samuel Elânio.
Ainda segundo Samuel Elânio, os suspeitos procurados no Ceará estão diretamente e indiretamente envolvidos com os membros da facção criminosa atuante no Ceará. “São dez a 15 pessoas envolvidas. São laranjas e alguns tiveram bens bloqueados e que trabalham no ramo de imóveis e venda de veículos”, afirmou.
Com os mandados de busca e apreensão, os policiais federais apreenderam aparelhos celulares e mídia, que serão periciados.
Imóveis de luxo foram vistoriados pelos policiais durante a operação — Foto: Divulgação PF
A ação, de acordo com a PF, visa a “desarticulação patrimonial de organização criminosa, além de prender lideranças e realizar cooperação internacional”.
Ainda conforme a PF, a Operação Node, realizada hoje, recebeu este nome em alusão à Terra de Node, onde Cain foi habitar após ser expulso da família.
‘Braço-direito’ de Gegê e Paca
Em um dos locais visitados, pela Polícia Federal nesta quarta-feira, policiais foram até uma residência de luxo na Lagoa do Uruaú, no município de Beberibe, no Litoral-Leste. Segundo Samuel Elânio, o alvo era o braço-direito de Gegê do Mangue e Paca. Ele era responsável, conforme as investigações, de comprar veículos e imóveis para ambos e colocá-los em nomes de terceiros com objetivo de não os ligar nas negociações.
“Ele sempre estava ali dando apoio. Arrumando formas de comprar bens e colocar em nomes de terceiros. Esse também, ele, foi alvo de busca a princípio, porém, ele não foi encontrado, pois estaria viajando, mas vai ser interrogado posteriormente. Assim como ele teriam outras pessoas. Inclusive da própria família que estariam atuando também como braço direito da organização criminosa. Obter formas de colocar bens em nomes de terceiros, transferência de valores para que Gegê e o Paca não aparecessem nestas negociações”.
Vida de luxo no Ceará
Os chefes da facção moraram por cerca de um ano em um condomínio de luxo, no Porto das Dunas, em Aquiraz, no Ceará, antes de serem mortos em fevereiro de 2018. O imóvel foi comprado por R$ 2 milhões, no nome de um ‘laranja, segundo as investigações’
Após os crimes, quatro veículos de luxo e uma mansão avaliados em R$ 1,3 milhão e que pertenciam aos ex-chefes da facção paulista foram leiloados. Os bens foram sequestrados pela Justiça Federal em decorrência do duplo homicídio e estão relacionados ao crime de lavagem de dinheiro.
Ao todo, 10 pessoas são acusadas de participar do duplo homicídio. Em outubro deste ano, a Justiça decidiu que cinco acusados de matar duas lideranças de uma facção criminosa paulista devem continuar presos. A decisão pela manutenção das prisões foi proferida por um colegiado de juízes da 1ª Vara da Comarca de Aquiraz, cidade da Grande Fortaleza onde as vítimas foram assassinadas.