Em meio à crise do novo coronavírus, o Banco do Nordeste (BNB) recebeu mais de 13,6 mil solicitações para renegociação de dívidas, totalizando R$ 5,3 bilhões no País. Destes, R$ 1,6 bilhão são do Ceará. Os montantes correspondem aos pedidos realizados entre 18 de março – quando a repactuação emergencial iniciou – até ontem. A maioria dos acordos foi para micro e pequenas empresas. No período, foram 2.462 demandas no Estado.
Com o objetivo de reduzir os efeitos na economia regional, a instituição permitiu que empreendedores de todos os portes negociem as operações até 30 de setembro deste ano, com carência de seis a 12 meses e prazo de até 36 meses. O acordo é feito conforme a linha de financiamento contratada.
Podem ser repactuados os empréstimos que estão em dia ou atrasados somente em até três meses. A taxa de juros e o bônus de adimplência permanecem com as condições previstas no contrato original. Para Mário Monteiro, consultor econômico e professor da Universidade Estácio de Sá, as medidas ajudam os negócios a cumprirem as obrigações de curto prazo enquanto não geram caixa em razão da quarentena obrigatória.
“Os bancos estão dando condições para as empresas usarem as reservas e atender aqueles gastos para continuarem existindo. Diferentemente das negociações tradicionais, quando havia devedores com contas em atraso e fazia-se acordo para recuperar crédito, essa busca a liquidez para que atravessem esse momento”, destaca. “Quando passar o pico da doença, a ressaca econômica vai ser prolongada, alguns setores não vão se recuperar. Quem tiver a oportunidade de enquadrar na renegociação, deve fazer para se manter”, complementa.
Atualmente, o BNB é responsável por 66% do microcrédito urbano brasileiro. Dentre as ações para este segmento, está o adiamento automático por 30 dias para os clientes do Crediamigo que têm parcelas vencidas entre 19 de março a 18 de abril.
O economista Érico Veras Marques, pesquisador da área de Finanças Pessoais e Comportamentais da Universidade Federal do Ceará (UFC), pondera que as prorrogações aliviam, mas ainda são necessárias mais medidas de crédito para pagamento de fornecedores, aluguel dos estabelecimentos e outras despesas.
“É necessário abrir novos créditos, com parcelas pequenas e carência de até seis meses”, aponta, sugerindo que, neste período, o cliente pague apenas os juros. “Esse ano será complicado. Isso é importante para que, quando ele reabra as portas daqui a dois meses, tenha como pagar essas contas”, avalia. “O fundamental é tentar manter a calma neste momento”.
O BNB disponibilizou capital de giro a 0,35% ao mês para micro e pequenas empresas, com recursos próprios e do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). A linha FNE Giro financia aquisição de matérias-primas e insumos utilizados no processo produtivo por comércios, prestadoras de serviços, indústrias, agroindústrias e equipamentos turísticos. A garantia da operação pode ser aval, fiança ou hipoteca.
Além disso, reduziu encargos financeiros, beneficiando empreendimentos de todos os tamanhos e abrangendo também a Conta Empresarial (MPE), produto de crédito semelhante a um cheque especial, com taxas a partir de 2,86% ao mês. Já o Giro Especial, destinado para financiar o capital de giro de empresas de forma customizada a seus fluxos de caixa, com prazo totais de até 48 meses, tem novas taxas a partir de 0,56% ao mês.
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Fonte: O Povo