A volta às aulas e o período de chuvas trazem consigo um problema já conhecido pelos cearenses: a doença diarreica aguda (DDA), popular “virose da mosca”. Neste ano, só até o dia 20, mais de 14,5 mil casos foram registrados no Ceará, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
Os sintomas da virose da mosca, que podem variar de leves a mais graves, têm levado os cearenses à busca por atendimento médico. Só nos postos de saúde de Fortaleza foram 1.431 casos na primeira quinzena, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Já nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), a média é de 160 atendimentos por dia, como estima o médico Tarcylio Esdras, diretor-clínico das unidades geridas pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (UPAs da Praia do Futuro, Messejana, Autran Nunes, Canindezinho, José Walter, Conjunto Ceará, Itaperi, Jangurussu e Cristo Redentor).
Tarcylio explica que “o aumento do número de casos de viroses e quadros diarreicos agudos já é esperado” no início de cada ano, e que os atendimentos devem avançar ainda mais nas próximas semanas. Nas 2 primeiras semanas do ano, já foram quase 3 mil atendidos nas 9 unidades.
VIROSE DA MOSCA É TRANSMISSÍVEL?
Rui de Gouveia, gerente da célula de epidemiologia da SMS, explica que o período chuvoso favorece “situações de aglomerados de pessoas”, aumentando o risco de proliferação do vírus. Portanto, a virose da mosca é, sim, transmissível por alguém infectado.
“Outro fator importante é o retorno das atividades dos principais carreadores desses vírus, que são as crianças”, pontua Rui, frisando ainda que “também há DDAs causadas por alimentos ou água potável contaminados”.
E a “mosca”? “Condições de higiene precárias contribuem para aumentar o risco de contaminação dos alimentos e da água, bem como atrair moscas. Na verdade, elas são apenas consequência dos maus hábitos de higiene”, explica Rui.
As causas, portanto, são diversas, como complementa Tarcylio Esdras. “O quadro é causado por uma variedade de condições, de vírus a bactérias. A que chamamos de virose da mosca não tem remédio específico.”
SINTOMAS DA VIROSE DA MOSCA
O diretor clínico das UPAs de Fortaleza observa que a maioria dos casos de virose da mosca são de leve a moderados, e ocorrem em todas as faixas etárias. Apenas em casos mais pontuais é que a doença pode evoluir e levar à internação.
“Nos geral, é ter paciência, manter hidratação e dieta equilibrada, e aguardar os sintomas passarem”, recomenda Tarcylio.
No geral, os sintomas da virose da mosca são:
- Náuseas;
- Vômitos;
- Diarreias;
- Febre (média de 3 a 5 dias);
- Cólicas abdominais;
- Desidratação;
- Prisão de ventre;
- Tonturas ou vertigens.
Sinais como vômitos repetidos, sede excessiva, recusa de alimentos, sangue nas fezes e diminuição da urina são alertas para o agravamento da doença, gerando necessidade de busca por atendimento médico.
PREVENÇÃO DA VIROSE DA MOSCA
As doenças diarreicas são evitadas com medidas públicas, como a instalação de saneamento básico nas cidades, mas também por meio de ações individuais, como destaca o Ministério da Saúde:
- Lavar as mãos com água e sabão antes da alimentação e após ir ao banheiro;
- Desinfetar as superfícies, os utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos;
- Guardar os alimentos em recipientes fechados;
- Tratar a água para consumo (filtrar, ferver ou colocar duas gotas de solução de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de água, aguardar por 30 minutos antes de usar);
- Guardar a água tratada em vasilhas limpas e com tampa;
- Não usar água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados para banhar ou beber;
- Evitar o consumo de alimentos crus ou mal cozidos;
- Ensacar e manter a tampa do lixo sempre fechada;
- Evitar o desmame precoce, uma vez que manter o aleitamento materno aumenta a resistência das crianças contra as diarreias.
Rui Gouveia, da SMS, acrescenta que manter a vacinação das crianças atualizadas também é uma estratégia importante para prevenir as viroses, sobretudo a diarreia causada pelo rotavírus.
O QUE FAZER SE TIVER VIROSE DA MOSCA
Caso os sintomas sejam leves, Tarcylio orienta manter uma dieta equilibrada “mesmo que não sinta fome” e ingerir bastante líquido para manter a hidratação. Caso necessite de atendimento, o ideal é buscar um posto de saúde.