Perda dolorosa para as Artes Cênicas. Morreu, aos 44 anos, Rogério Mesquita, ator e produtor cearense, um dos fundadores do grupo Bagaceira de Teatro. O comunicado sobre a partida do artista foi feito nas redes sociais do Bagaceira nesta sexta-feira (4).
“É com profunda tristeza e grande pesar que comunicamos o falecimento do nosso querido Rogério Mesquita”, anunciou o texto. O velório acontece hoje, a partir das 17h, no Theatro José de Alencar. O enterro será neste sábado (5), às 9h, no Parque da Paz.
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Segundo Ricardo Tabosa, integrante do Bagaceira, o grupo recebeu a notícia por volta das 6h da manhã desta sexta-feira. Sobre o motivo da partida, ainda não há informações.
“O que sabemos é que ele estava tratando uma infecção nos rins, e vinha cancelando algumas apresentações do seu espetáculo mais recente por motivos de saúde”, compartilha o também ator.
Rogério tinha 25 anos de carreira no Teatro, com espetáculos que circularam por todo o território nacional. Desde 2007 era gestor da Casa da Esquina, teatro independente e sede do Grupo Bagaceira.
A última montagem apresentada por ele foi “Gratiluz, A Tragédia”, no último mês de junho, com o grupo Patuleia Criativa, refletindo sobre a positividade tóxica e como muitas vezes a pressão de um ambiente de trabalho moderno pode levar à exaustão.
LEGADO E RELEVÂNCIA
Na publicação sobre o falecimento de Rogério, diversos nomes lamentaram a partida do artista. A Secretária da Cultura do Ceará, Luísa Cela, comentou: “Que notícia triste. Um grande nome da arte cearense. Meus sentimentos aos familiares e amigos”.
Ator, diretor e colunista do Diário do Nordeste, Silvero Pereira recordou, em um post, a amizade com o artista. “Aprendemos muito um com outro, em especial, no lugar do apoio, da crença, da amizade, da aposta e do amor pelo teatro. Roger era apaixonado pela história do teatro cearense e um grande responsável pelo catálogo da nossa geração”.
Por sua vez, o ator e jornalista Ari Areia destacou a marcante atuação de Mesquita no tablado. “Rogério é referência para nós não apenas por tudo que moveu no palco e na produção, mas por sua contribuição em incontáveis momentos de luta por política pública pra cultura em Fortaleza, no Ceará e no Brasil”.
O também ator Danilo Castro reforçou a grandeza do companheiro de jornada: “Rogério deixou sua marca! Passou por esse mundo deixando história e legado. Minha solidariedade ao Bagaceira, à família e amigos”.
Os principais trabalhos de Rogério foram no Grupo Bagaceira de Teatro, a exemplo dos espetáculos “Lesados”, “O Realejo”, “Meire Love”, “Fishman”, “Papoula e o Sabonete Cabeludo”, “O Pequeno Casaco Solitário”, dentre muitos outros.
Mas ele também esteve envolvido em outras companhias, como na montagem “O Ano que Não Acabou”, do Grupo Expressões Humanas. Atuou em espetáculos adultos, para crianças, no palco e na rua também.
ALÉM DO ARTISTA, A PESSOA
Ricardo Tabosa complementa as características de Rogério ao reforçar que, além do trabalho como ator, produtor e gestor cultural, o artista era bastante envolvido com a política na busca pelos direitos dos trabalhadores da cultura, em movimentos e organizações locais e nacionais.
“A última vez que encontrei com ele foi na Casa da Esquina, trabalhando. Comentamos sobre perspectivas, novos espetáculos… Tenho muitas memórias com ele”, divide. “Em grupo, nós somos como uma família: trabalhamos juntos, viajamos juntos, por vezes moramos juntos em circulações com montagens”.
No tecido vivo da lembrança, o parceiro de palco diz que, longe do tablado, Rogério era uma pessoa extremamente agregadora, divertida e de muitos amigos. Ao mesmo tempo, era aguerrido e determinado, “sempre teimando em resistir nessa caminhada difícil que é ser artista de teatro”.
“Rogério era um grande produtor e um grande gestor. Um pilar do grupo, muitas vezes carregando a existência da companhia nas costas. Articulado, criativo, confiante e muito obstinado. Ele deixa um grande legado nas artes não só do Estado, mas do País. Uma perda muito triste para todos os artistas da cena, sobretudo às pessoas de teatro de grupo. Ele foi uma pessoa de grupo. De coletivo. Essa era sua maior paixão: o teatro, a cena, os encontros, as pessoas”.