O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) afirmou que pretende encerrar suas investidas eleitorais. A declaração ocorreu nesta quinta-feira (15), em palestra na sede da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), sobre economia brasileira.
“(Posso) falar com liberdade de quem não precisa agradar mais ninguém porque o meu cliclo eleitoral, meu apetite eleitoral acabou. Antes, eu me sentia obrigado a representar uma espécie de corrente de opinião que tirava 10%, 12%, e agora praticamente me deixaram falando só. Então, eu tô agora falando só por mim, o que me dá uma liberdade muito grande”, disse Ciro.
A fala ocorre alguns meses após a sua quarta derrota na disputa à Presidência da República. Nas duas últimas eleições gerais, o pedetista assumiu uma forte postura de embate contra o PT, tendo como alvo principal o atual chefe do País, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Apesar da crise com a sigla petista, Ciro apoiou a candidatura de Lula no segundo turno contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Depois disso, abriu um período de meses de silêncio sobre suas posições políticas, isentando-se de discussões públicas do PDT, inclusive no Ceará, sua base eleitoral mais forte.
O pedetista já chegou a dar declaração semelhante no mês passado, em palestra na Universidade de Lisboa. “Alguma coisa tá errada comigo, não é com o povo. […] Eu vou morrer militando, vou achar outro caminho, mas candidato, nesse momento, eu não gostaria mais de ser, não”, pontuou no evento.
HISTÓRICO ELEITORAL
Logo após o resultado em primeiro turno do pleito do ano passado, Ciro se pronunciou sobre a nova etapa da disputa, mas com cautela. Na ocasião, o pedetista ficou em quarto lugar na disputa com 3,04%, atrás de Lula, Bolsonaro e a atual ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB).
Ele foi derrotado, inclusive, no Ceará, onde ficou em terceiro lugar. “Quero dizer a vocês que estou profundamente preocupado com o que eu estou assistindo acontecer no Brasil”, declarou o então candidato. “Eu nunca vi uma situação tão complexa, tão desafiadora, tão potencialmente ameaçadora sobre a nossa sorte como nação”, avaliou Ciro à época, dias antes de anunciar apoio a Lula no segundo turno.
Antes disso, em 2018, o PDT declarou “apoio crítico” ao então candidato Fernando Haddad (PT) e atual ministro da Fazenda contra Bolsonaro, que saiu vitorioso. Ciro, no entanto, contornou a posição e pediu voto “com a democracia, contra a intolerância e pelo pluralismo”, sem citar nenhum dos dois postulantes do momento. Naquele pleito, Ciro ficou em terceiro lugar, com 13,3 milhões de votos (12,47%).
O volume de votos foi semelhante em 2002, quando ele investiu pela segunda vez na Presidência da República, mas os 12,5% de eleitores lhe deram apenas a quarta colocação na disputa. À época, ele era filiado ao PPS, hoje, Cidadania.
Em 1998, naquele mesmo partido, Ciro estreou na campanha ao Planalto e ficou em terceiro lugar, com 11% dos votos.
Além disso, Ciro tem em sua carreira política experiências como deputado estadual, deputado federal, prefeito de Fortaleza, governador do Ceará, ministro da Fazenda e da Integração Nacional.
Diário do Nordeste