Legenda: As precipitações devem ser passageiras e concentradas nas regiões litorânea e serrana
Foto: Arquivo/Diário do Nordeste

Chuva no segundo semestre do ano, no Ceará, é quase um artigo de luxo. Não é comum a ocorrência de precipitações após o mês de julho, período em que se encerra a pós-estação (junho/julho) chuvosa no Estado. No entanto, em 2022, as precipitações persistiram em agosto e, agora, também em setembro. Mas, quais seriam as causas dessas chuvas? Quais fenômenos estariam contribuindo para ocorrência de pluviometria?

Em entrevista ao Diário do Nordeste, a gerente de meteorologia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Meiry Sakamoto, explica que uma combinação de fatores, quando atuam mutuamente, convergem na ocorrência de precipitações, sobretudo na região litorânea e de serra. São as chamadas “áreas de instabilidade”.  

Na prática, essas áreas de instabilidades são a junção de umidade elevada, altas temperaturas e condições locais específicas, como a topografia, com áreas de serra ou o contraste entre continente e oceano. “A combinação destes fatores favorece a circulação de ventos alísios que permitem a formação das nuvens de chuvas”, pontua Sakamoto.

 

Ventos alísios são aqueles persistentes que sopram desde centros de alta pressão subtropical em direção ao cavado equatorial, ou Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). São ventos de baixos níveis atmosféricos caracterizados por grande consistência em sua direção.

 

Em setembro, acrescenta a especialista, tem início o período de maior radiação solar do ano, o que reflete diretamente no aumento das temperaturas. “Junto com esse calor, acontece outro fenômeno, que são as chuvas do Caju. Embora tenhamos esse nome, não há relação direta entre entre chuva e o cajueiro, é apenas uma coincidência com a época da floração do caju”, detalha a meteorologista.

As últimas chuvas registradas na região litorânea decorreram, ainda segundo Meiry Sakamoto, de uma interação entre brisa terrestre com os ventos alísios. “Tem sido comum amanhecermos com uma rápida chuva, principalmente em Fortaleza”, ilustra. Para os próximos dias, essa tendência deve seguir.

 

Brisa terrestre é a brisa ou vento próximo a superfície no sentido do continente para o mar que se desenvolve nas regiões litorâneas nos períodos de noite. A brisa se deve a variação da pressão na horizontal devido ao resfriamento noturno sobre a terra em relação ao mar adjacente.

 

 

Previsão

Até sexta-feira, dia 23, Capital cearense e cidades da Região Metropolitana (RMF) podem ter a ocorrência de chuvas passageiras e céu parcialmente nublado.

  • Quinta-feira (22): Da madrugada à manhã, céu parcialmente nublado com chuva isolada. Da tarde à noite, céu sem nuvens.
  • ​Sexta-feira (23): Da madrugada à manhã, céu parcialmente nublado com baixa possibilidade de chuva isolada. Da tarde à noite, céu sem nuvens.

Neste período, existe o predomínio de chuva no período da madrugada e início da manhã. Este fato ocorre devido à interação entre a brisa terrestre com os ventos alísios que provoca instabilidade atmosférica sobre a região.

 

 

 

Diário do Nordeste

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