Nova Russas, no interior do Ceará, concentra 35% dos casos de diagnóstico da variante delta do coronavírus no estado. — Foto: Geraldo Bubniak/AEN
Nova Russas, no interior do Ceará, concentra 35% dos casos de diagnóstico da variante delta do coronavírus no estado. — Foto: Geraldo Bubniak/AEN

Nova Russas, no interior do Ceará, lidera a estatística de casos confirmados da variante delta do coronavírus no estado. O município de cerca de 32 mil habitantes concentra 35.9% das confirmações, de acordo com boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria da Saúde estadual (Sesa) na última sexta-feira (31). O índice é maior, inclusive que o de Fortaleza.

O Ceará tinha 647 casos confirmados, sendo 594 de residentes. Entre eles, 213 são de Nova Russas. A capital Fortaleza é o segundo município na estatística, com 144 casos (24,2%). O g1 tentou entrar em contato com a Secretaria Municipal de Saúde e Gabinete da Prefeitura de Nova Russas, mas as chamadas não foram atendidas.

Para a epidemiologista Caroline Florêncio, vários fatores podem justificar esse cenário epidemiológico em um município pequeno, já que os epicentros do coronavírus são, normalmente, observados em grandes cidades; a procura da população pela testagem pode ser um dos fatores.

“Já que é uma doença que, se você educa a população, ela vai buscar fazer o teste, já que ele não é obrigatório. Você faz se quiser, se tiver interesse”, disse a epidemiologista.

“Nós estamos falando de um município pequeno quando você compara a grandes cidades como o próprio Crajubar (Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha), Sobral, Fortaleza e Região Metropolitana. É mais fácil conseguir convencer as pessoas a procurar se cuidar em relação à saúde”, explica Caroline, que é doutora em Saúde Coletiva, pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

 

“Nós temos fatores genéticos ainda não elucidados sobre a Covid. Então, pode ser que naquela determinada população tenha alguma predileção genética que atraia [o vírus], que a transmissibilidade seja maior do que em outras regiões”, aponta também a epidemiologista, que faz parte do Departamento de Saúde Comunitária da UFC.

Contudo, ela afirma que neste caso é preciso que sejam feitas pesquisas mais detalhadas sobre a relação genética. Carolina explica também que outros fatores, como a quantidade de pessoas vacinadas, podem ser relevantes na busca por explicações para o cenário em Nova Russas, apesar de que a vacinação não impede o contágio com o vírus.

“Tem muitas coisas para a gente buscar in loco para que a gente venha a dar uma resposta mais adequada a esse fenômeno que foi encontrado. Precisaria ter uma equipe, se deslocar até lá e ver fatores que possam explicar esse fenômeno diferenciado”, complementa a epidemiologista.

Ao todo, foram identificados casos da variante indiana em 60 municípios cearenses — o que representa 32,6% das cidades do estado. Em geral, 362 casos (56,0%) no Ceará foram confirmados em mulheres; e a faixa etária com maior prevalência é de 30 a 39 anos com 20,9%.

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