São Paulo – O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou nesta terça-feira (17) que há 8.819 mil casos suspeitos de infectados com coronavírus no Brasil. Confirmados, são 290 casos e uma morte. Ainda estão sob investigação outras quatro possíveis mortes em decorrência da doença provocada pelo vírus, a covid-19.
O ministro anunciou que os números podem variar devido a diferenças na metodologia de contagem, e que os dados consolidados serão passados pelo Ministério da Saúde todos os dias, às 16h. Está instalado um comitê de crise, coordenado pela pasta, que reúne outros ministérios. A finalidade é dialogar sobre ações que envolvam temas diversos, como evitar desabastecimento em razão de quarentenas.
O Brasil caminha bruscamente na contramão em relação ao que orienta a Organização Mundial de Saúde, seguida por países que controlaram a doença com eficácia. Aqui, o número de testes para entender a dinâmica do coronavírus é ínfimo perto do recomendável. Mais cedo, o governo de São Paulo afirmou que não tem informações de hospitais privados e que, na rede pública, apenas casos graves devem passar por testes.
Mandetta disse que o ministério está trabalhando para conseguir maior número de testes, importando e abrindo para confecção no próprio país, por instituições como a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz).
Outra medida anunciada nesse sentido será a realização por amostragem e contabilização por nexo. Ele explica: “Chegará uma hora em que faremos em 100% dos internados graves e faremos por amostragens para sabermos a quantidade percentual de coronavírus circulante. Faremos o lançamento por nexo clínico. Um jovem de 20 anos que cuidou do pai com corona, por nexo vamos colocar nos nossos números. Os números devem retratar de forma fidedigna o que os profissionais da ponta vão observar”.
Números
O epidemiologista da Fiocruz Júlio Croda, diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, esteve na entrevista coletiva ao lado de Mandetta e passou alguns números e expectativas para a pandemia no Brasil. “Com maioria de casos em São Paulo e Rio de Janeiro, a média de idade dos infectados é de 42 anos. Temos um perfil de jovens sendo diagnosticados“, disse.
A faixa etária baixa pode ser um ponto a favor do Brasil. Um país jovem, que pode resistir e ter menos mortes do que países com população mais velha, como a Itália e a Espanha. “A hospitalização está em torno de 10% e a mortalidade abaixo do padrão. A média é de 14 a 21 dias de internação. Temos 20 dias desde o primeiro caso. Mortes devem se iniciar a partir de hoje e provavelmente aumente nos próximos dias.”
Diante desse cenário, Mandetta disse esperar (sem muita clareza) que 85% dos casos de covid-19 seja tratável em casa, frente a 80% em outros países. ” O problema é que teremos 15% de pessoas que vão necessitar de internação. É um número grande. As cidades nas rotinas nunca tem 15% dos cidadãos internados. Vamos ter uma sobrecarga. Desses 15%, 4 a 5% precisam de UTI.”
Para aumentar a capacidade de centros intensivos, o ministério já havia anunciado um repasse de dois reais por habitante para os estados, além da distribuição de 200 UTIs nesta semana, com aumento progressivo nas próximas para estados que mais precisem.
Diferentemente do psocionamento de Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, Mandetta não desdenha do coronavírus e alerta para a necessidade de isolamento. “Teremos em torno de 20 semanas a partir do surto que serão extremamente duras para as famílias e pessoas. Cuidem dos idosos. Cuidem dos idosos. É preciso ter muito claro não levar crianças, que podem ser assintomáticas. Procure proteger. Quanto menos idosos com esta gripe, menos pressão colocaremos nas UTIs. A Inglaterra deixou os jovens circulando, mas está mostrando sinais que será necessário contensão. Nada impede uma pessoa de 15 anos com uma janela mais virulenta com um quadro intenso.”
Nordeste Notícia
Fonte: Rede Brasil