O projeto Ser Tão Sonhador tem como objetivo de realizar sonhos das pessoas (Foto: Reprodução/Ser Tão Sonhador)

Victor Hugo é professor de saúde pública e epidemiologia para cursos na área da saúde em uma universidade de São Paulo. Mas esse não é o seu único trabalho. Hugo possui vários projetos sociais vinculados ao Instituto Brasileiro de Expedições Sociais, uma Organização Não Governamental (ONG) fundada por ele. Devido ao compromisso social, viajou por várias cidades do País. Nessas andanças, o que mais lhe surpreendeu foi o sonho das pessoas que teve a oportunidade de conhecer.

Não tratavam-se de sonhos mirabolantes. Eram e são sonhos simples mas que têm seu valor. Hugo agarrou esse dever: a de realizá-los.

Foi aí que surgiu o Ser Tão Sonhador, mais um projeto para a sua lista. Com ajuda de voluntários, o professor faz campanha para arrecadar fundos para cumprir a missão. Uma cearense de 96 anos já foi agraciada pelo projeto. Conheceu o Rio de Janeiro e teve o privilégio de rezar um terço aos pés do Cristo Redentor.

Outro cearense entrou na lista. Foi a vez de Ivan do Cajueiro, 64, morador do município de Tabuleiro do Norte. O sonho dele é ter uma sanfona para tocar com os amigos. Na falta do instrumento, o idoso se contenta com um berimbau improvisado. Na última quinta-feira (7), Hugo veio ao Ceará para entregar a sanfona de seu Ivan. Os dois se conheceram durante uma viagem do professor para o município de Sobral, a 230 km de Fortaleza, no ano passado pelo projeto Canudos, que também faz parte do instituto.

“Eu estava viajando pelo Ceará. Quando estava chegando em Tabuleiro do Norte, vi o seu Ivan em uma moto na beira da BR-116. Achei-o uma figura muito peculiar. Ele estava de azul em uma motocicleta vermelha e ele tem albinismo. Os contrastes de cores me chamaram bastante atenção para fotografar”, relembra. Hugo decidiu chamá-lo para tirar uma foto do cearense. Ivan o respondeu com um convite para conhecer a sua casa. Foi aí que o professor se deparou com mais um sonho.

“Ele me mostrou um berimbau que ele construiu com pedaços de ferro, fios de ferros e uma travessa de inox de salada. Começou a tocar aquele instrumento que ele construiu na década de 1960. Eu fiquei deslumbrado”, relembra. Foi nesse encontro que Ivan revelou a Hugo que sonhava em ter uma sanfona.

O cearense é um músico nato. Na falta do instrumento, Ivan recorre aos amigos para que lhe emprestem a sanfona quando surge alguma apresentação na cidade. Quando a ajuda não vem, o jeito é tocar com o seu berimbau. O problema é que o público zomba de Ivan por usar o seu instrumento improvisado. “É um outro motivo para o Ser Tão Sonhador fique empenhado para realizar. Não é qualquer sonho que a gente quer concretizar. A gente precisa de uma história”, ressalta.

Aos pés do Cristo

Antes de realizar o sonho de seu Ivan, foi a vez de Dona Joana, 98 anos. Hugo a conheceu durante visita a praia de Marjolândia, no município de Aracati, que fica a 150km de Fortaleza. Quem apresentou a idosa foi o noivo de sua neta que trabalha como garçom em um restaurante onde o professor universitário decidiu jantar. “Eu pedi para ele me levar para conhecê-la. Eu passei o dia interior com a dona Joana, tirei fotos e conheci o sonho dela”, relembra. No fim do ano passado, Joana estava diante do Cristo Redentor, na cidade do Rio de Janeiro, rezando o seu terço.

Entretanto, devido a idade avançada e os custos da viagem, Hugo e outros voluntários do projeto precisaram pensar em toda a logística para levar Joana até o Rio. Antes de viajar, a idosa precisou ser submetida a vários exames para saber se poderia fazer essa viagem. O dia já estava marcado, mas teve que ser adiado porque a cearense não conteve a emoção e passou mal. “Ficou ansiosa e teve uma diarreia. Ficou quase uma semana com a mala pronta para viajar”, explicou.

Uma nova logística foi pensada para levá-la ao Rio. Um mês depois, Hugo e seus voluntários conseguiram e recepcionaram dona Joana na cidade carioca acompanhada pela neta. Sentada em uma cadeira de rodas para poupá-la de qualquer desgaste físico, a idosa se aproximou do Cristo e começou a rezar seu terço. “Foi a coisa mais linda que eu pude viver nesses últimos tempo”, ressalta com alergia.

Como uma forma de eternizar esse momento, Hugo convidou o grafiteiro Wallace Pato para vir ao Ceará. A ideia é fazer uma caricatura de dona Joana na praia de Majorlândia. Uma forma de simbolizar que mais um sonho foi concluído. O mesmo deve ocorrer com Ivan, em Tabuleiro do Norte. “Lá, em Majorlândia, a gente vai fazer uma arte de dona Joana e atrás dela vai ter o cenário do Rio de Janeiro para eternizar esse sonho”, ressalta.

Campanha

É por meio das redes sociais que o professor Victor Hugo divulga as história e pede ajuda a voluntários para realizar os sonhos. As histórias dos personagens são divulgadas no perfil do Instagram do projeto. Os voluntários criam uma Vakinha Online para conseguir arrecadar fundos apara conseguir realizar sonhos.  No caso do seu Ivan, os custos não se resumiam apenas a compra do instrumento. Era necessário também recursos para levar o instrumento até o cearense.

“A gente tem muitos parceiros. Já conseguimos a sanfona. No entanto, a gente ainda está com a Vakinha aberta porque só temos R$ 400 reais que não paga nem o carro para levar o instrumento”, explica. Entretanto, essas dificuldades não são empecilho para Hugo nem o desanima. O professor sempre encontra uma alternativa. “A gente não desiste. Se tiver que tirar do nosso bolso, a gente tira. Não podemos deixar de concluir o sonho de pessoas tão simples como eles”, frisa.

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