O que leva uma instituição a durar 100 anos? Certamente, as razões são diversas, mas uma delas é o amor, que transcende as paixões e se prolonga no tempo até a eternidade. Cem anos abrigam três gerações, as quais dentro de sua passagem histórica pelo mundo do futebol viram, como que num caleidoscópio inesquecível, as imagens do time surgido no Pici, cujos feitos entraram pela retina e marcaram suas existências.

Surgido pelas mãos de Alcides Santos, que não apenas doou o terreno, como também contagiou os desportistas com o amor pelas três cores (vermelha, azul e branca), o Fortaleza cativou a muitos, desde os primeiros anos. As três gerações, cada uma a seu tempo, viram o Fortaleza ser campeão da Taça do Nordeste em 1946, do Torneio Norte-Nordese de 1970 e aos poucos foram se familiarizando com os craques, que surgiram, via de regra, das peladas de meio de rua. Os mais antigos idolatraram Moésio Gomes, Mozart Gomes, Croinha, Sapenha, entre outros, e a paixão foi crescendo. Muitos outros craques foram despontando no Pici e arrastando multidões.

O torcedor da atualidade se irmana com aficionados mais antigos pelo conhecimento das realizações do Tricolor de Aço, como era mais chamado o clube nos anos 1970 e 1980. Nos dias atuais, o amante do Fortaleza aceita bem os treinos fechados, mas, naquela época, a paixão incontida da meninada não aceitaria tal modernidade.

O antigo portão da rua Mário da Silveira ficava fechado em dias de treinos. Quando chegava um atleta de carro, a garotada pulava dentro, ia trepada no capô, ou corria portão adentro. Outros os seguiam a pé, deixando o porteiro atônito. Nesse intervalo de tempo, dois incansáveis tricolores, os jornalistas Silvio Carlos e José Raymundo Costa criaram o slogan “Clube da Garotada”. Eles peregrinavam por escolas públicas distribuindo material escolar com as cores do Leão e faziam desabrochar o sentimento de fascínio pelas três cores.

À proporção que o time ia conseguindo conquistas dentro de campo, o bem-querer se alastrava por vários segmentos, de tal modo que surgiu o compositor Jackson de Carvalho, que criou várias marchinhas e músicas do time, começando pelo hino, produzido em 1967, com arranjos de Manuel Ferreira e interpretação de Manoel Paiva. Até hoje, em momentos vibrantes de Série B, a torcida canta o hino, ao mesmo tempo em que puxa as músicas das uniformizadas.

Para os que não conheceram, na década de 1970 e 1980, o carnaval acontecia nos clubes chiques da Aldeota, mas o Fortaleza estava na agenda, abrigando diversos bailes, sob o comando de Luiz Rolim Filho. Para conseguir renda para o time, ele trouxe artistas famosos no auge, para cantar na cidade. Entre eles, o Rei Roberto Carlos.

Precursora das baterias das uniformizadas atuais, era a Charanga do Gumercindo, que fazia a alegria da torcida nos estádios.

Tudo isso foi alavancado pelas conquistas, o bicampeonato de 1973 e 1974, os títulos estaduais de 2000, 2001, 2003, 2004, 2005, 2007, 2008, 2009 e 2010 sacudiram a galera. A história foi consagrando vários jogadores durante esse período e o referente aos dois acessos à Série A, 2002 e 2004. De uma estrutura ainda rudimentar cercado de árvores, o clube cresceu, espalhou-se em embaixadas em vários Estados e projeta mais 100 anos de amor incondicional e inegociável.

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Fonte: Diário do Nordeste

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