“Veja o tamanho da vaia que ele (Cid) levou. Acabou a aliança com eles (os Ferreira Gomes) no Ceará“, disse José Guimarães, em rede social, após os ataques de Cid Gomes (PDT) ao PT durante evento realizado nesta segunda-feira (15), em apoio a campanha presidencial de Fernando Haddad (PT) para o segundo turno no Ceará. Já Camilo Santana (PT), governador reeleito, que também virou alvo de seu padrinho político, buscou abrandar a situação.
Coordenador da campanha de Haddad no estado, Guimarães declarou encerrada a aliança entre os dois partidos, mas depois apagou o tuíte e divulgou nota oficial menos definitiva, reclamando da atitude “desrespeitosa” do pedetista.
Cid Gomes, que foi eleito senador pelo Ceará, disse que o PT deveria reconhecer os erros e que o partido merecia perder a eleição pela sua postura.
“Tem que fazer um mea culpa, tem que pedir desculpas, tem que ter humildade e reconhecer que fizeram muita besteira. Não admitiu mea culpa, não admitiu os erros que cometeu. Isso é para perder a eleição e é bem feito, é bem feito perder a eleição”, disse Cid Gomes, o primeiro a discursar no evento.
Guimarães, que não esteve presente no evento promovido por Camilo Santana, disse na nota que é preciso fazer um balanço da aliança entre os dois partidos e que, “se o caminho for da separação, que façamos com respeito mútuo”.
Confira a nota de José Guimarães:
“Não estive presente no evento pró-Haddad realizado agora à noite em Fortaleza por iniciativa do governador Camilo Santana, pois estava em outras missões da campanha Nacionalmente. Lamento profundamente a forma desrespeitosa como fomos tratado pelo senador Cid Gomes ( o senador que o PT votou ) ao criticar o PT em um momento inadequado e que só contribuiu para gerar desconfiança e incertezas da nossa vitória. Como coordenador da campanha do Haddad no Ceará reafirmo o compromisso do nosso candidato com os cearenses e que tudo faremos para derrotar a fascismo, o ódio e a truculência do nosso adversário. A eleição está em aberto. Vamos para o confronto e apelamos para que todos os democratas se somem ao esforço de derrotar essa direita representada pela candidatura de Bolsonaro. Sobre os nossos legados e parcerias entre o PT e os FGs discutiremos após o 2º turno. Tá na hora mesmo de fazermos um balanço desde 2006 e se for o caminho da separação que façamos com respeito mútuo. José Guimarães – coordenador da campanha de Haddad no Ceará.”
Que evento foi esse?
O encontro pró-Haddad no Ceará serviria para anunciar estratégias de segundo turno da campanha do petista e para marcar o apoio do PDT dos irmãos Cid e Ciro Gomes no estado. Ciro, que venceu a eleição em 92 dos 184 cearensespreferiu ir para a Europa, com a família, no período de campanha do segundo turno. Ele teria deixado a cargo de Cid Gomes a articulação do apoio do PDT ao PT no estado.
Panos quentes
Em entrevista ao Diário do Nordeste na manhã desta terça-feira (16), Camilo Santana buscou abrandar a situação.
“O que eu já tinha (para falar), eu já falei até a nível nacional. Agora, não é momento para isso, o momento agora é pensar no país, não é pensar no partido, não é pensar individualmente em ninguém. E eu não quero, amanhã, ser cobrado, nem ser omisso, diante do grave momento que o Brasil está vivendo”, disse ao Diário do Nordeste.
Camilo Santana, que chegou a sugerir apoio do PT a Cid Gomes para presidente do Brasil, avaliou a situação política do país, em que Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) disputam o segundo turno no próximo dia 28 de outubro.
“O que está em jogo aí não é o PT, não é partido, não é A ou B. O que está em jogo é o Brasil e, na minha opinião, um desastre para o Brasil é o Bolsonaro. Primeiro, porque ele é antidemocrático, é reacionário, discrimina as pessoas. Respeito o direito de todo mundo votar livremente, escolher seus candidatos, mas é importante nesse momento a população fazer uma reflexão. Eu não quero que meus filhos tenham um presidente onde o símbolo é mostrar uma arma”