Fora da disputa em segundo turno pela presidência da República, o terceiro colocado, Ciro Gomes (PDT) não declarou apoio oficial ao petista Fernando Haddad, mas se posicionou contra o adversário Jair Bolsonaro (PSL). “Ele não, sem dúvida”, disse no domingo (7), em referência ao capitão da reserva.
Ciro, no entanto, colecionou ataques a Haddad no 1° turno, o que põem em xeque possível posicionamento pró-PT. “Nem a pau, Juvenal”, chegou a dizer o pedetista, em 19 de setembro, quando questionado sobre apoiar o candidato do PT.
Em entrevista ao The Intercept Brasil, no final de agosto, Ciro se referiu à Haddad como pessoa “sem liderança, que não tem experiência, que acabou de perder”, referindo-se à estratégia do ex-presidente Lula (PT) em anunciá-lo candidato em meio à campanha.
“O meu amigo (Haddad), acabei de apoiá-lo, não faz dois anos, candidatou-se a prefeito de São Paulo no cargo e perdeu não foi pro Doria, que é um farsante, no primeiro turno, perdeu pra nulo e branco. Tirou 16% dos votos. Como é que alguém acha que um camarada desse, com 15 dias da eleição, vai virar presidente?”, disse Ciro.
Ele ainda criticou a relação entre Lula e o ex-prefeito de São Paulo. “Se isso der certo, não dá certo. Sabe por que? Porque são presidentes desse tamaninho. Que vai passar pra sociedade a necessidade de sair de Brasília em hora de tensão, e consultar o Lula no presídio em Curitiba. Isso destrói um país. Não é possível. E isso é crítica ao Lula? Isso é crítica política”, afirmou.
Debate
Durante debate na TV Recordo, Ciro disse que Haddad “não acredita no diz”, durante discussão sobre criar “condições” para convocar uma nova Assembleia Nacional Constituinte.
“Ele imaginava uma situação em que nós poderíamos criar as condições para que nós pudéssemos, no futuro, criar as condições para que nós tivéssemos uma Constituição mais moderna, mais enxuta, com princípios e valores bem constituídos”, pontuou o petista.
Haddad disse que a ideia veio de Lula e defendeu o reequilíbrio entre os poderes para reformar os sistemas tributários e bancários.
“Você não acredita numa única palavra do que acabou de dizer. Não existe poder constituinte no presidente da República”, rebateu Ciro, esclarecendo que só o Congresso tem o poder para chamar uma Assembleia para mudar a Constituição. “Essas palavras foram postas na sua boca porque, infelizmente, há uma vingança que você está encarregado de fazer”, atacou.
“Não tem garra”
Em outra ocasião, Ciro disse que Haddad não tem garrar para enfrentar “fenômeno protofacista”.
“Ele não conhece o Brasil, não tem experiência, ele não tem a garra necessária nesse momento difícil da vida brasileira, em que nós estamos na véspera de um fenômeno protofascista, e esse fenômeno protofascista é uma ameaça real ao Brasil”, falou Ciro, em referência velada ao candidato Jair Bolsonaro que, à época, já liderava as pesquisas.
Na mesma ocasião, ele disse que suas críticas a Haddad se tornaram “a intriga do momento”, mas garantiu que só se manifesta sobre o petista quando questionado pela mídia.
Eleições
Ciro ficou em 3° lugar, com 12,47% dos votos. O único estado em que venceu foi o Ceará, mas ficou em 2° lugar no Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Haddad venceu em todos os outros estados do Nordeste.
Nesta segunda-feira (8), Haddad publicou em suas redes sociais que já conversou por telefone com Ciro, Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (Psol). “Tenho muito respeito e consideração por todos”, disse o petista..
Nordeste Notícia
Fonte: Tribuna do Norte