A Conmebol puniu o Santos, em decisão divulgada nesta terça-feira, no Paraguai, por considerar irregular a escalação do meio-campista Carlos Sánchez no jogo de ida das oitavas de final da Libertadores, contra o Independiente, na Argentina – na última terça-feira, os times tinham empatado em 0 a 0, em Avellaneda. O clube vai recorrer da decisão, de acordo com o advogado Mario Bittencourt, que participou da defesa do Santos.

A entidade modificou o resultado da partida e decretou vitória do Independiente por 3 a 0. Nesta terça, no Pacaembu, o Santos terá que vencer por quatro gols de diferença para avançar direto para as quartas de final – 3 a 0 leva a disputa para os pênaltis.

O Tribunal de Disciplina da Conmebol divulgou comunicado às 10h49 da manhã, menos de nove horas antes do jogo de volta das oitavas de final da Libertadores, marcado para 19h30. Além da punição ao clube, a suspensão de um jogo ao atleta foi mantida. Sánchez não vai a campo nesta terça. A entidade deu prazo de sete dias para o Santos recorrer.

“A Conmebol resolve declarar como perdedor o Santos Futebol Clube na partida disputada em 21 de agosto, determinar o resultado de 3 a 0 a favor do Club Atlético Independiente e confirmar a suspensão do jogador Carlos Andrés Sanchez Arcosa”, diz trecho do comunicado.

O Santos promete recorrer também ao TAS, Tribunal Arbitral do Esporte, com sede na Suíça. O clube havia apresentado uma defesa por escrito na última sexta e pôde reforçar os argumentos oralmente na segunda. A delegação santista no Paraguai teve o presidente José Carlos Peres, o diretor jurídico Rodrigo Gama e o advogado Mario Bittencourt – este último conhecido como “o advogado do Fluminense”, por ter atuado no caso Héverton, que culminou no rebaixamento da Portuguesa e na salvação do Flu no Campeonato Brasileiro de 2013.

O Peixe protocolou uma petição pedindo a reconsideração da decisão com relação à parte da decisão da Conmebol que determina que o Sánchez não pode jogar nesta terça-feira porque isso é contrário às normas da Fifa, que diz que se os pontos foram tirados, o jogador não pode ser suspenso.

Um advogado especializado no tema consultado pelo GloboEsporte.com afirmou que o regulamento da Fifa não se aplica ao caso, apenas aos torneios da Fifa. O regulamento da Conmebol não é claro nesse sentido.

Até o final da tarde, o Santos vai dar entrada numa outra petição, para que a Conmebol anuncie os motivos que levaram a entidade a punir o clube. O Peixe quer fundamentar o recurso com as justificativas da entidade.

O Santos se pronunciou através de um comunicado oficial em seu site:

O Santos FC vem a público manifestar o descontentamento e a resignação com a punição imposta ao Clube pelo Tribunal Disciplinar da Conmebol na manhã desta terça-feira.

Não bastasse o estranhar da lenta decisão, a punição publicada não tem o menor embasamento legal ou jurídico. Além do que, pune duplamente o Santos FC, com a perda do jogo e a manutenção da suspensão do jogador Carlos Sánchez.

Por fim, em busca do direito do torcedor santista, o Clube declara publicamente que irá à todas instâncias cabíveis, a fim de que a Justiça sobre o caso seja feita.

Veja abaixo o comunicado da Conmebol, na íntegra:

Considerando:

(i) Que os citados artigos 56 e 19.3 permitem a qualquer clube reclamar contra o resultado de uma partida por motivo de escalação indevida de um jogador do time adversário até 24 horas depois da partida e o Club Atlético Independiente interpôs a citada reclamação dentro do prazo e formato

(ii) Que o Santos Futebol Clube apresentou por escrito sua defesa no tempo e formato no dia 24 de agosto de 2018 e no dia 27 de agosto de 2018 foi concedido o direito de ser ouvido em audiência diante deste Tribunal antes da sua decisão

(iii) Que o Tribunal de Disciplina decidiu que o Santos não cumpriu o dever de se comunicar diretamente com a Unidade Disciplinaria conforme o artigo 9 do Regulamento da Conmebol Libertadores 2018

(iv) Conforme o Artigo 19.1 do RD (Regulamento Disciplinar), qualquer time que seja responsável por uma escalação indevida se considerará como perdedor desse jogo por 3-0

(v) Que o Tribunal de Disciplina decidiu o Santos Futebol Clube como responsável da infração de escalação indevida do jogador Carlos Andres Sanchez no cumprimento da sanção pendente de 1 partida de suspensão

Portanto, o Tribunal de Disciplina decidiu:

  1. Fazer valer a reclamação apresentada pelo Club Atlético Independiente;
  2. Declarar como perdedor o sanrtos Futebol Clube da partida disputada ante o Club Atlético Independiente, correspondente a ida das oitavas de final da Libertadores 2018 e, em consequência:
  3. Determinar o resultado de 3 a 0 a favor do Club Atlético Independiente em conformidade ao artículo 19 do Regulamento Disciplinar da Conmebol
  4. Confirmar a suspensão do jogador Carlos Andrés Sanchez Arcosa por uma partida, a qual deve ser cumprida na partida seguinte da Libertadores 2018 (o jogo desta terça no Pacaembu).

Tribunal de Disciplina da Conmebol

 

Carlos Sánchez havia sido expulso em seu último jogo de competição sul-americana pelo River Plate, em 2015 (Foto: AFP / Juan Mabromata)
Carlos Sánchez havia sido expulso em seu último jogo de competição sul-americana pelo River Plate, em 2015
Entenda o caso

Quando ainda defendia o River Plate, em 2015, Carlos Sánchez foi expulso ao agredir um gandula na semifinal da Copa Sul-Americana contra o Huracán. Em dezembro daquele ano, o jogador uruguaio recebeu uma suspensão de três jogos e multa de US$ 3 mil.

De acordo com o Regulamento Disciplinar da Conmebol, a suspensão por partida teria que ser cumprida no torneio seguinte organizado pela entidade do qual Sánchez participasse, independentemente de ele ter trocado de clube.

Logo após aquela eliminação, Sánchez disputou o Mundial de 2015 (organizado pela Fifa) e trocou o River Plate pelo Monterrey, do México, de onde saiu em julho deste para o Santos. A Libertadores deste ano é o primeiro torneio da Conmebol que ele disputa desde então.

Em 2016, quando completou 100 anos, a Conmebol anunciou uma anistia a clubes e atletas com punições pendentes. Então, Sánchez teve a pena reduzida para um jogo – que deveria ter sido cumprida justamente na última terça, em Independiente x Santos.

Como o clube se defendeu

O Santos se apoiou principalmente no sistema de registro de atletas utilizado pela Conmebol, o Comet, para se defender. O sistema registrava que Carlos Sánchez não tinha nenhum outro jogo de suspensão para cumprir – a pena teria sido extinta em maio deste ano.

Mas o artigo 11.8 do Regulamento abre uma brecha para transferir a responsabilidade aos clubes: ele diz que “as suspensões automáticas são denominadas assim porque operam sem necessidade de que a Unidade Disciplinar informe ao clube ou ao jogador processado sobre as mesmas”.

Sistema da Conmebol mostra Carlos Sánchez, do Santos, livre de punições desde maio. Peixe se baseou nisso. Mas vários clubes brasileiros alertaram que o sistema da Conmebol não é confiável, e a própria entidade não o levou em consideração (Foto: GloboEsporte.com)
Sistema da Conmebol mostra Carlos Sánchez, do Santos, livre de punições desde maio. Peixe se baseou nisso. Mas vários clubes brasileiros alertaram que o sistema da Conmebol não é confiável, e a própria entidade não o levou em consideração

Por isso, como o GloboEsporte.com mostrou na quinta-feira, clubes brasileiros não confiam no sistema Comet. Dirigentes de time que disputam a Libertadores e a Sul-Americana afirmaram fazer consultas documentadas à Conmebol quando há dúvidas sobre as condições de jogadores.

Até mesmo o Santos, no ano passado, protocolou um pedido de esclarecimento à Conmebol para saber as condições de jogo de Caju, Vecchio e Alison. Neste ano, o Temuco foi punido por escalar um jogador irregular – o time chileno também culpou o Comet, mas não adiantou.

Na última sexta, o Santos também pediu à Conmebol que o caso de Sánchez fosse analisado da mesma forma que a entidade tratou um episódio semelhante do River Plate.

No dia anterior, a Conmebol anunciou que não abriria procedimento contra o clube argentino pela escalação irregular de Bruno Zucullini, que também tinha suspensões pendentes, mas atuou em sete partidas da Libertadores.

No caso do River Plate, a entidade admitiu ter cometido um erro ao não informar o clube sobre a pena do atleta quando foi consultada formalmente em fevereiro.

Fonte: Globoesporte.com

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