Gruta de Ubajara é uma das mais famosas do Ceará. (Foto: Iphan)

Há 18 dias os olhos do mundo se voltaram para a caverna Tham Luang, no norte da Tailândia. Lá, os Javalis Selvagens, um time de futebol com 12 crianças mais o técnico ficaram presos, sem luz e alimentação, após fortes chuvas. No Ceará, esse tipo de formação rochosa é mais comum do que se imagina.

Segundo o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (CECAV), ligado ao Instituto Chico Mendes, autarquia do Ministério do Meio Ambiente, são 18 mil no Brasil. No Ceará, existem 217 registradas. E será que entre essas há alguma com riscos semelhantes às da caverna na Tailândia? André Ribeiro, analista ambiental do CECAV, explica.

O risco de alagamentos em cavernas com rio subterrâneo existe também no Brasil. “Toda caverna que tem um rio passando por dentro dela, como a de Ubajara (no Ceará), que está dentro do Parque Nacional. A parte turística de Ubajara não passa perto do rio, mas sempre que existe um rio subterrâneo, na época de chuva, dependendo do tamanho da caverna, da área de captação da bacia hidrográfica, pode haver um aumento rápido de água e essa caverna ficar completamente alagada”, explicou o especialista.

Caso da Tailândia

Na Tailândia, as doze crianças e o professor conseguiram ser resgatados com vida nesta terça-feira (10), numa operação que teve início no domingo e envolveu esforços de diversos países. Os sobreviventes entraram quatro quilômetros para dentro da caverna para fugir de alagamento, após fortes chuvas aumentarem o nível do rio no local.

Gruta de Ubajara
A Gruta de Ubajara é uma das mais visitadas no Ceará e faz parte do Parque Nacional. (FOTO: Divulgação/Instituto Chico Mendes)

André Ribeiro ressalta que o cuidado para evitar o acesso é prioritário inclusive entre pesquisadores e pessoas que costumam ir para cavernas.

“Todo dia existem pessoas cadastrando cavernas. A gente tem tido um aumento grande. Ao todo, no Brasil, são 18 mil cavernas. A estimativa é que o país possa ter até 200 mil. Provavelmente, as maiores cavernas já são conhecidas, que são Toca da Boa Vista e Toca da Barriguda, na Bahia”, disse o analista.

O analista ambiental explica que, para que haja turismo em áreas como essas, é necessário um Plano de Manejo Espeleológico, da resolução 347/2004, do Ibama. Segundo André, é um “instrumento de gestão política da caverna”.

Gruta de Ubajara
Na Gruta de Ubajara, há rio subterrâneo. (FOTO: Divulgação/Instituto Chico Mendes)

“Se existe uma caverna e se vai decidir que ela vai ser aberta ao turismo, certamente o plano de manejo tem que ter as regras para a época chuvosa, se vai ser permitida visita, que partes da caverna podem ser visitadas, quais não podem… Existem cavernas às quais as pessoas simplesmente vão sem essa orientação. Ali, na Tailândia, foi iniciativa das pessoas. E isso também ocorre bastante no Brasil”, alertou.

As cavernas recebem diversos nomes pelo Brasil: gruta, toca, buracos. Nelas, há registros naturais paleontológicos, arqueológicos, entre outros. Na legislação, o nome oficial é cavidade natural subterrânea. As estruturas são formadas por canais horizontais ou verticais, podendo ter fraturas e fendas de diversas variações. A água também é responsável por dissolver a rocha. No Ceará, são 217 cavernas registradas.

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