O pagamento para a campanha de Eunício teria ocorrido a pedido de Milton Lyra, que foi alvo de busca e apreensão determinadas pelo STF ( Foto: Kiko Silva )
O pagamento para a campanha de Eunício teria ocorrido a pedido de Milton Lyra, que foi alvo de busca e apreensão determinadas pelo STF ( Foto: Kiko Silva )

Brasília/Fortaleza. O ex-diretor de Relações Institucionais do Grupo Hypermarcas, Nelson Mello, afirmou, em delação premiada, que pagou, por meio de contratos fictícios, R$ 5 milhões em caixa dois para a campanha do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) ao governo do Ceará em 2014. A defesa do senador nega as denúncias. O pagamento teria ocorrido a pedido do lobista Milton Lyra, que foi alvo de busca e apreensão determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sexta-feira (1º), ao ser deflagrada uma nova fase da Operação Lava-Jato.

A delação de Nelson Mello foi uma das que serviram como base para a nova fase da Lava-Jato. Milton Lyra – que é ligado à cúpula do PMDB no Senado – já foi citado por delatores como operador do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no Postalis, o fundo de pensão dos servidores dos Correios.

Segundo Nelson Mello, Lyra lhe informou que um emissário de Eunício o procuraria em 2014. E então um sobrinho do senador, de nome Ricardo, teria pedido ajuda financeira. “Pagou despesas de empresas que prestavam serviços à campanha de Eunício; que ajudou mediante contratos fictícios”, afirmou. O delator informou que, para isso, foram firmados contratos com três empresas, sem a prestação de nenhum serviço. “Ao final se providenciou uma nova nota fiscal para totalizar R$ 5 milhões”.

Contratos

Nelson Mello relatou, ainda, ter firmado diversos contratos fictícios com empresas de Lyra que, segundo ele, eram solicitadas pelo lobista como pedido de “ajuda para os amigos”, sem especificar, contudo, quem receberia esses recursos.

Para o empresário, “os amigos seriam os senadores apresentados pelo Milton Lyra” durante um jantar, mas nunca houve uma referência nominal a eles nos pedidos de ajuda.

Os senadores citados como os que havia conhecido eram, além de Eunício e Renan, Eduardo Braga (PMDB-AM) e Romero Jucá (PMDB-RR). Os contratos fictícios com Lyra para ajudar “amigos” totalizaram R$ 15,7 milhões, segundo depoimento do delator que consta do pedido de busca e apreensão contra Lyra.

Defesa

A Hypermarcas divulgou nota afirmando que não é objeto da investigação e que “não se beneficiou de quaisquer dos atos praticados”. A empresa informou, ainda, que acertou acordo com Mello por meio do qual “assegurou ressarcimento integral pelos prejuízos sofridos”.

Os senadores Renan, Jucá e Braga tem negado o recebimento de propina ou envolvimento com irregularidades.

Em nota, Eunício afirma que “embora conheça socialmente o empresário Milton Lyra, nunca conversou com ele a respeito de campanhas”, acrescentando que “não é verdade, portanto, que tenha pedido qualquer contribuição para sua campanha de governador”.

O senador admite que, de fato, recebeu contribuição da Hypermarcas para a campanha, mas diz que a quantia foi devidamente registrada no TSE. Declara, ainda, estar “inteiramente à disposição das autoridades para os devidos esclarecimentos”.

O advogado do peemedebista, Antônio Carlos de Almeida Castro, sustentou, ao Diário do Nordeste, que a delação de Nelson Mello “parte de um pressuposto falso”.

“O senhor Nelson diz que foi apresentado pelo Milton Lyra ao Ricardo (Lopes), que é diretor da Confederal, uma empresa onde o senador é acionista, mas está afastado há muitos anos, desde que entrou na política. O Ricardo Lopes sequer o conhece, nunca ouviu falar e nunca esteve com o Milton Lyra”, argumentou. Castro afirmou que, sendo “falsa” a premissa, não teceria mais comentários sobre a delação. “Até porque não a conheço, não tive acesso à delação, mas posso afirmar que a campanha do Eunício é extremamente regular”. Ele disse, porém, que pedirá cópia do documento ao STF.

Nordeste Notícia
Fonte: Diário do Nordeste

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